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quinta-feira



A Vitória Sobre a Tentação 


Luiz Soares


 Leia Mateus 4.1-11


2. A TENTAÇÃO 



Esta palavra tem um lado positivo e um negativo. Positivamente ela significa “testar”, “pôr à prova” para o bem. Deus “pôs Abraão à prova” (Gn 22.1), e até hoje Ele prova o Seu povo, sendo tais provações para o benefício dos Seus filhos (Tg 1.2-4, 12; 1 Pe 1.6, 4.12-13). Negativamente significa “testar” ou “pôr à prova”, porém, com má intenção (como no caso dos inimigos do Senhor quando queriam apanhá-Lo em erro Mt 16.1), ou desejando induzir ao mal. Essa era a intenção de Satanás contra nosso Salvador no trecho que estamos estudando. 

Notemos, inicialmente, a realidade da tentação de Cristo. Durante o período da tentação Satanás tinha diante de si um verdadeiro homem, não um espírito, anjo ou coisa semelhante. Isto deve trazer-nos grande conforto. Nosso Sumo Sacerdote é alguém que já provou a tentação e pode, em razão disto, ter simpatia para conosco e socorrer-nos quando somos tentados (Hb 2.17-18; 4.15). 

Notemos, em segundo lugar, o caráter ilusório da tentação. Ela apresenta-se muitas vezes sob as formas mais sutis. Satanás sabe dar toda aparência de legitimidade aos seus argumentos. Assim ele agiu no Éden, assim agiu com nosso Salvador, e assim age conosco. Cuidado, pois, quando quiser justificar a legitimidade de certos atos, decisões ou situações em que esteja envolvido. Verifique bem se não se trata de uma armadilha de Satanás para estragar a sua carreira cristã. Examinemos as três tentações às quais foi nosso Senhor submetido: 

a) Ao desafiá-Lo a transformar pedras em pães o inimigo não O tentou a um crime vergonhoso. Que mal havia naquilo? Afinal Ele tinha necessidade de pão, e podia transformar pedras em pães. Não seria natural e justo que o fizesse? Contudo, isto seria nada mais do que aquiescer a um pedido diabólico, procurando, sem a aprovação do Pai, um meio mais fácil para prover as Suas necessidades. 

É assim, também, de modo sutil e sorrateiro, que o tentador nos ataca. Quantas vezes ele sussurra aos nossos ouvidos: “Você precisa e tem todo direito de ganhar mais. Você é crente, mas também é chefe de família. É sua a responsabilidade de sustentar e educar seus filhos, bem como de proporcionar conforto à sua família. É verdade que a sua consciência cristã protesta, achando que a atividade que lhe estão propondo não é lá muito digna de um crente, mas proporciona-lhe muito maior salário com muito menos esforço. Por que cansar-se tanto para ganhar tão pouco, quando pode, sem tanta dificuldade, ganhar o dobro? Além disso, você estaria conservando o seu corpo para melhor servir a Deus e ainda poderia fazer contribuições muito mais generosas para os cofres da igreja!” 

E quantos estão caindo nessa!... Não percebem que o lucro material que auferem e que lhes traz muita prosperidade material está-lhes privando da comunhão com Deus e do serviço cristão. Lembremo-nos sempre de que mesmo o trabalho cem por cento legítimo e honesto pode trazer sérios prejuízos à nossa vida espiritual se nos deixarmos absorver por ele de tal modo que não tenhamos mais tempo para pensar em outra coisa. Cuidado, irmão, com a preocupação excessiva com o conforto material. 

b) Ao desafiar o Senhor a atirar-se do pináculo do templo, o tentador sugeriu-lhe um meio mais fácil de atrair a atenção pública. E, querendo provar a legitimidade da sugestão, citou as Escrituras. Que mal havia naquilo? Afinal Ele desejava comunicar a todos a Sua mensagem, e se as próprias Escrituras apresentavam-Lhe a promessa de apoio e proteção divinas, não seria uma excelente oportunidade de, através de um ato tão espetacular, provar a veracidade das Escrituras, e assim atrair a atenção, granjear a simpatia e confiança da multidão e transmitir-lhe o seu ensino? Mas isso seria presumir do poder de Deus, tentando-O a operar um milagre desnecessário e fora dos Seus planos. Seria, portanto, um desvio do programa de Deus. 

Essa tentação é-nos apresentada nas mais variadas formas. Satanás sugere que nos relacionemos com a roda dos escarnecedores, que adotemos a linguagem deles, pois “a Bíblia diz” que devemos proceder como os judeus, para ganhar os judeus, como fracos, para ganhar os fracos e assim por diante. E quantos, por aceitarem esta sugestão, acabam seguindo o curso deste mundo, ficando inapelavelmente comprometidos! 

Ele nos sugere que trabalhemos além das nossas possibilidades físicas, pois “a Bíblia diz” que devemos apresentar os nossos corpos por sacrifício a Deus. E quantas vezes deixamo-nos levar e ficamos impossibilitados de servir por causa de alguma enfermidade que contraímos como resultado do nosso descuido. Ou, atacando pelo lado oposto, ele sugere que não devemos esforçar-nos demasiadamente no serviço do Senhor, pois “a Bíblia diz” que Deus quer misericórdia e, não, sacrifício. E podíamos ir além, mostrando como o diabo, pela má aplicação das Escrituras, pode tentar-nos a presumir do poder de Deus. 

c) Ao propor ao Senhor que O adorasse, Satanás sugeriu-Lhe um meio mais fácil para o estabelecimento do Seu reino. Por que enfrentar as perseguições, o sofrimento, a cruz, quando podia evitar tudo isso e, facilmente, conseguir o Seu objetivo? Porém, antecipar a recepção daquilo que Lhe fora prometido por Deus (Sl 2.8) para recebê-lo das mãos de Satanás seria um ato de deslealdade ao Pai e de descrença na realização dos Seus propósitos. 

Facilidade foi a nota tônica das três ten- tações: um meio mais fácil para conseguir pão, pondo em dúvida a bondade de Deus como Provedor. Um meio mais fácil de estender o ministério, abusando das promessas divinas. Um meio mais fácil de conquistar o Reino, fugindo às responsabilidades entregues por Deus. Cuidado, irmão, com as “facilidades” do tentador! O caminho da vontade de Deus é reto. Não entre nos atalhos do inimigo! 

Notemos, finalmente, o objetivo da tentação. O tentador quis levar Cristo a agir por conta própria, sem consultar a vontade de Deus. Assim, desviando-Se do caminho da fé e da obediência, seria frustrada a Sua missão como Messias e como Redentor. 

E, quanto a nós, ele quer induzir-nos a pecar contra Deus, afastar-nos da comunhão com Ele, inutilizar a nossa vida espiritual, impedindo-nos de viver uma vida obediente e agradável ao Pai. 

Por tudo quanto temos considerado, devemos exercer uma severa vigilância, pois precisamos da sabedoria de Deus para podermos discernir as ciladas que nos são armadas pelo nosso inimigo, e do poder de Deus para desviar-nos delas. 

O que Satanás mais deseja é que vivamos derrotados, impedidos de gozar a plenitude da alegria da nossa fé. Mas não precisamos proporcionar-lhe essa satisfação. Graças ao Senhor temos recursos para enfrentar as tentações. Ninguém está isento de ser tentado e o mínimo descuido pode ser-nos fatal, mas venceremos se atentarmos para as advertências da Palavra: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5.8). Ainda: “Não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27). E mais: “Resisti ao diabo e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). 

Permita Deus que cada irmão ou irmã que lê estas linhas seja estimulado a permanecer em comunhão com o Senhor e, guiado pelo Seu Espírito, possa desviar-se dos ardis do tentador e encontrar a vitória em toda a sua carreira cristã.

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